Angústia infantil – todos nós já experimentamos isso de uma forma ou de outra. Muitas vezes é descartado como parte do crescimento, uma fase que acabará por passar.
Às vezes, porém, essa tensão construtiva pode se estender até a idade adulta, moldando sutilmente nosso comportamento e nossas interações.
A psicologia sugere que aqueles que não abriram mão desse conforto infantil podem apresentar certos padrões de comportamento.
Perceber isso pode ser o primeiro passo para compreender e, em última análise, liberar o domínio da angústia do passado.
Vamos começar, certo?
1) Reação exagerada às críticas percebidas
A infância é uma época de vulnerabilidade, em que estamos constantemente aprendendo e crescendo.
Para aqueles que enfrentaram críticas excessivas durante estes anos de formação, pode ter-se formado um padrão pouco saudável.
Muitas vezes, isso pode ser visto como uma reação exagerada às críticas percebidas mais tarde na vida.
Se não tivermos processado totalmente a angústia infantil, uma simples resposta pode ser mal interpretada como um ataque pessoal, causando uma reação defensiva desequilibrada.
Isso ocorre porque as feridas do passado ainda são sensíveis e comentários aparentemente inocentes podem reabri-las.
A psicologia nos diz que esse comportamento não se refere apenas à situação atual.
É uma expressão de sentimentos não resolvidos de experiências passadas onde a crítica foi associada à rejeição ou vergonha.
Compreender esse comportamento pode abrir caminho para a cura. É um convite para aprofundarmos o nosso passado e começarmos a desvendar os laços que nos prendem a ele.
Ao lidar com esses sentimentos persistentes, podemos começar a responder a partir de uma compreensão do presente, em vez do trauma do passado.
2) Combater a intimidade emocional
A raiva infantil muitas vezes pode resultar de experiências em que a expressão de emoções foi recebida com rejeição, ridículo ou negligência.
Isso pode levar a um medo profundo de abertura emocional, tornando os relacionamentos adultos desafiadores.
Lutar contra a intimidade emocional costuma ser uma medida defensiva. É uma tentativa de evitar a dor da vulnerabilidade que foi recebida com feedback negativo no passado.
No entanto, ao fazer isso, podemos nos distanciar involuntariamente da conexão que almejamos.
Às vezes tenho visto esse padrão em minha vida e tem sido uma jornada tentar superar esses obstáculos e me permitir ser verdadeiramente visto e compreendido pelos outros.
Nem sempre é fácil, mas as recompensas valem o esforço.
Como Brené Brown, um renomado pesquisador e contador de histórias que explorou extensivamente a vulnerabilidade e a coragem, diz com razão: “Vulnerabilidade não tem a ver com ganhar ou perder; trata-se de ter a coragem de aparecer e aparecer quando não podemos controlar o resultado.”
Acredito que este seja um passo importante para liberar o controle da raiva infantil em nossas vidas.
3) Dificuldade em estabelecer e manter limites
Um dos comportamentos mais comuns exibidos por aqueles que não abandonaram a raiva da infância é a luta para estabelecer e manter limites pessoais.
Para uma criança que cresceu num ambiente onde as fronteiras humanas eram constantemente violadas ou ignoradas, não é surpreendente que possa levar este padrão até à idade adulta.
Os limites são importantes para nossa saúde emocional. Eles nos ajudam a descobrir com o que nos sentimos confortáveis e como esperamos ser tratados pelos outros.
Aqueles com angústia infantil não resolvida podem acabar concordando repetidamente com coisas com as quais se sentem desconfortáveis ou sacrificando consistentemente suas próprias necessidades pelo bem dos outros.
Este não é um modo de vida sustentável e não leva a um relacionamento saudável. Definir limites pode ser difícil, especialmente se for algo com o qual você não está acostumado.
No entanto, aprender a afirmar suas necessidades e limites é um passo importante para superar o ressentimento infantil.
No meu vídeo onde discuto o hacking da liberdade pessoal, um dos pontos-chave que enfatizo é manter um bom relacionamento consigo mesmo, incluindo o estabelecimento de limites.
Isso pode ajudá-lo a encontrar a felicidade pessoal, em vez de depender da validação de outras pessoas.
4) Dúvida constante
O abuso infantil muitas vezes planta as sementes de inseguranças persistentes.
Quando somos constantemente questionados, criticados ou menosprezados quando crianças, é natural que cresçamos questionando nosso valor, nossas habilidades e nossas decisões.
Essas dúvidas podem estar profundamente arraigadas e afetar vários aspectos de nossas vidas, desde relacionamentos pessoais até escolhas profissionais.
Isso pode nos impedir de buscar oportunidades e de expressar nosso verdadeiro eu.
Contudo, é importante lembrar que esta confiança não reflete o nosso valor nem a nossa força.
É um resquício de experiências passadas que não usamos mais. Reconhecer e lidar com esses transtornos infantis é essencial para o crescimento e o empoderamento pessoal.
Como sempre enfatizo, o verdadeiro empoderamento vem de assumir total responsabilidade por nossas vidas.
Isto inclui reconhecer as nossas dúvidas, compreender as suas raízes no passado e optar por não permitir que elas nos definam novamente.
Ao fazer o trabalho interno para lidar com esse amor próprio, podemos redefinir nosso relacionamento com nós mesmos e explorar nosso verdadeiro potencial.
A jornada pode ser desafiadora, mas a recompensa – uma vida vivida com integridade e liberdade – vale a pena.
5) Resistência à mudança
A mudança é uma parte natural da vida. Porém, para quem carrega o peso da dor da infância, a mudança pode ser muito difícil.
Esta resistência muitas vezes resulta de um medo profundo de que o desconhecido possa ser pior do que o conhecido – mesmo que o conhecido esteja repleto de dor ou desconforto.
Este medo pode manter-nos presos a velhos padrões e inibir a nossa capacidade de adaptação e evolução.
Podemos nos ver agarrados a situações familiares, mesmo que elas não nos sirvam mais, simplesmente porque nos sentimos seguros.
No entanto, abraçar a mudança é essencial para o crescimento. É superando desafios e saindo de nossas zonas de conforto que realmente mudamos e remodelamos nossas vidas.
Uma das minhas crenças fundamentais é que obstáculos e obstáculos são oportunidades de crescimento e aprendizado.
No meu vídeo “a ilusão da felicidade”, discuto como é uma armadilha buscar a felicidade como um estado constante. Em vez disso, abraçar os desafios da vida pode promover um crescimento significativo e levar ao verdadeiro contentamento.
6) Ênfase exagerada na autoestima
A confiança é muitas vezes vista como força. Trata-se de ser capaz de ser independente e cuidar de suas próprias necessidades.
No entanto, para aqueles que carregam angústias infantis persistentes, uma ênfase excessiva na auto-estima pode ser uma barreira para conexões autênticas e relacionamentos de apoio.
Esse comportamento geralmente decorre de experiências em que a dependência de outras pessoas leva à decepção ou à dor.
Como resultado, podemos ficar tão focados na satisfação que temos dificuldade em pedir ajuda ou depender de outras pessoas, mesmo quando necessário.
Mas os humanos são criaturas sociais. Nós prosperamos em comunicação e suporte.
Isolar-nos sob um manto de autoconfiança pode nos roubar a alegria e a força que advêm de experiências compartilhadas e relacionamentos de apoio.
Uma das minhas principais crenças está na profunda importância de comunidades de apoio e relacionamentos genuínos.
Compreender que não há problema em precisar dos outros, em depender deles e em pedir ajuda quando necessário, não é um sinal de fraqueza, mas uma consciência da nossa humanidade partilhada.
Ao abraçar esta ligação, podemos libertar-nos das barreiras do excesso de confiança e criar ligações ricas e gratificantes com aqueles que nos rodeiam.
7) Tendências autodestrutivas
A autodestruição é um comportamento complexo frequentemente observado em pessoas que lidam com raiva infantil não resolvida.
A tendência de subestimar os nossos esforços, de criar obstáculos no nosso caminho, pois estamos à beira do sucesso. Isso pode ser visto em diversas áreas da vida, desde relacionamentos até desenvolvimento de carreira.
A raiz da automutilação costuma ser encontrada em sentimentos profundos de inadequação.
Se crescermos sentindo que não somos bons o suficiente, podemos subconscientemente acreditar que não merecemos sucesso ou felicidade. Então, nos machucamos antes que alguém tenha a chance de nos rejeitar.
Reconhecer esta tendência é o primeiro passo para quebrar o ciclo. É um processo difícil que exige que enfrentemos nossos medos e desafiemos nossas crenças limitantes.
Mas, ao fazê-lo, podemos começar a remodelar a nossa narrativa, aprender a aceitar o nosso valor e poder e deixar de nos atrapalhar.
8) Raiva não resolvida
A raiva infantil muitas vezes pode nos deixar com uma raiva não resolvida. Não se trata de ficar frustrado ou com raiva de vez em quando.
Pelo contrário, é a raiva ou a irritação que pode surgir inesperadamente, muitas vezes por razões aparentemente triviais.
Essa raiva não resolvida tem menos a ver com a situação atual e mais com eventos passados onde nos sentimos injustiçados, não ouvidos ou impotentes.
É um eco de uma dor passada que não foi processada ou totalmente liberada.
Lidar com esta raiva requer reconhecer a sua existência e rastreá-la até às suas raízes. Trata-se de nos permitir sentir esses sentimentos sem julgamento e encontrar formas saudáveis de lidar com eles.
Ao fazer isso, podemos começar a nos livrar dessa raiva persistente e a cultivar uma sensação de paz interior.
É uma jornada desafiadora, cheia de desconforto e vulnerabilidade, mas a recompensa é uma vida vivida de forma livre e autêntica.