Crescer em uma família de baixa renda pode moldar bastante o comportamento e os hábitos de uma pessoa na idade adulta.
Não se trata de estereótipos, mas de reconhecer que as circunstâncias financeiras muitas vezes levam à adaptação a determinados comportamentos.
Na verdade, existem sete comportamentos comuns que vemos frequentemente em adultos que cresceram em lares com dificuldades financeiras.
Deixe-me explicar esses comportamentos. O objetivo não é rebaixar ninguém, mas sim esclarecer como a maneira como crescemos pode afetar nossa vida adulta.
Vamos começar.
1) Consciência orçamentária
Crescer em uma família de baixa renda geralmente exige que você seja bom em fazer orçamentos e economizar desde cedo.
Essas pessoas provavelmente já viram as dificuldades de seus pais tentando sobreviver. Esta experiência pode incutir um profundo senso de responsabilidade financeira e pragmatismo.
Quando adultos, essas pessoas são frequentemente caracterizadas por hábitos de consumo cuidadosos e pela capacidade de esticar dinheiro. Geralmente são eles que organizam a comida vendendo na loja ou consertando as coisas em vez de trocá-las.
Não se trata de ser barato, mas de ser inteligente e cuidadoso com o dinheiro. É uma marca que pode ser muito benéfica na sociedade atual, voltada para o consumo.
2) Valorize a experiência com coisas materiais
Quando eu era criança, minha família não tinha muito dinheiro. Raramente tínhamos os mais recentes aparelhos ou roupas de grife. Mas o que nos faltou em riqueza material, mais do que compensamos em experiências ricas.
Meus pais sempre enfatizaram a importância de passar tempo juntos como família e de criar lembranças duradouras. Fazíamos piqueniques no parque, fazíamos caminhadas pela natureza ou jogávamos jogos de tabuleiro juntos.
Já adulto, percebi que valorizo mais minhas experiências do que as coisas materiais. Prefiro investir em uma viagem ou em um trabalho divertido do que comprar o iPhone mais novo ou um carro sofisticado.
Isto não quer dizer que todas as pessoas de famílias de baixos rendimentos se sintam assim – cada pessoa é diferente. Mas é comum encontrar mais apreço pelas experiências e relacionamentos entre aqueles que não cresceram com muita riqueza material.
3) Forte desempenho
Pessoas de famílias de baixa renda tendem a ter um horário de trabalho rígido desde o início. Às vezes, eles podem ter que contribuir para a renda familiar, cuidar dos irmãos ou ajudar nas tarefas domésticas.
Esta introdução precoce à responsabilidade pode traduzir-se em resiliência e dedicação nas suas vidas profissionais. De acordo com um estudo publicado no Journal of Poverty, os adultos que cresceram em famílias de baixos rendimentos têm maior probabilidade de estar empregados e de trabalhar mais horas em comparação com aqueles de meios financeiramente estáveis.
Novamente, isso não é uma regra, mas uma prática. Mostra como situações desafiadoras podem inspirar resiliência e determinação.
4) Empatia e compreensão
Crescer um pouco muitas vezes leva a uma maior compreensão e compaixão por outras pessoas que estão passando por problemas semelhantes.
É provável que essas pessoas tenham experimentado em primeira mão como é viver fora, e isso pode inspirar um profundo sentimento de compaixão. Freqüentemente, mostram compaixão por outras pessoas que enfrentam problemas financeiros e podem estar inclinados a ajudar os necessitados.
Isto não quer dizer que as pessoas de origens ricas não tenham compaixão, mas antes sublinhar que a experiência pessoal de dificuldades financeiras pode muitas vezes aumentar a compreensão e a compaixão por outras pessoas numa situação semelhante.
5) Valorização dos prazeres simples
Há uma certa alegria em aproveitar ao máximo o que você tem. Lembro-me de quando era criança, nem sempre tínhamos opções de viagens luxuosas ou brinquedos caros. Mas meus irmãos e eu passávamos horas jogando cartas ou inventando histórias sobre nossos velhos bichinhos de pelúcia.
Como adultos, temos a capacidade de encontrar alegria nas coisas simples. Um lindo pôr do sol, uma refeição caseira ou um bom livro podem trazer muita alegria. Não se trata do preço, mas sim da alegria e satisfação que essas alegrias trazem.
Este profundo apreço pelas alegrias da vida é frequentemente encontrado em pessoas que cresceram em famílias de baixos rendimentos. É claro que a experiência de cada pessoa é diferente, mas esse é um ponto comum que percebi.
6) Força
Ter problemas financeiros desde tenra idade muitas vezes pode gerar resiliência. Essas pessoas podem ter enfrentado muitos desafios e dificuldades enquanto cresciam, aos quais tiveram que se adaptar e suportar.
Como adultos, esta resiliência muitas vezes se traduz na capacidade de lidar com o estresse, superar obstáculos e se recuperar dos problemas de forma mais eficaz. Muitas vezes são solucionadores de problemas, inovadores e sobreviventes, que podem transformar uma situação difícil numa oportunidade de crescimento.
7) O valor da educação
As pessoas que cresceram em famílias de baixos rendimentos muitas vezes compreendem o poder da educação. Eles vêem isso como a chave para quebrar o ciclo da pobreza e abrir portas para melhores oportunidades.
Muitos são incentivados a destacar-se academicamente e a prosseguir o ensino superior, encarando-o como um trampolim para a estabilidade financeira. Esse profundo apreço pelo aprendizado pode prepará-los para o sucesso em suas vidas pessoais e profissionais.
A educação não é vista como um meio para atingir um fim, mas como um bem valioso em si.
Reflexão final: é tudo uma questão de adaptabilidade
Os comportamentos que discutimos nascem da necessidade e da adaptação. Crescer numa família de baixos rendimentos requer muitas vezes o desenvolvimento de certas competências e atitudes para gerir situações difíceis.
Lembre-se de que esses comportamentos não são limitações, mas sim adaptações que podem ajudar as pessoas a navegar pela vida de maneira mais eficaz. Podem promover a resiliência, a empatia, a criatividade e uma forte ética de trabalho – características que são importantes em qualquer contexto.
Uma citação do psicólogo Carl Rogers me vem à mente: “Só uma pessoa educada aprendeu a aprender e a mudar”. Esses comportamentos refletem pessoas que aprenderam, se adaptaram e cresceram com suas situações.
Pense nisso ao considerar o poder da paternidade e seu impacto duradouro em nossas vidas adultas.