É um paradoxo estranho – pessoas que são genuinamente gentis, mas que não têm amigos próximos. Não que a gentileza deles seja um fator. Pelo contrário, trata-se de certos comportamentos que eles tendem a exibir sem perceber.
Esses comportamentos, embora não sejam ruins em si, às vezes podem criar uma barreira entre eles e amizades em potencial.
Este artigo discutirá 8 comportamentos comuns dessas pessoas incrivelmente gentis, que, muitas vezes sem saber, ficam sem amigos próximos.
Vamos começar.
1) A graça está errada
O velho ditado “muito de uma coisa boa pode ser ruim” muitas vezes é verdade, mesmo quando se trata de gentileza.
Pessoas que são verdadeiramente gentis ao ponto do auto-sacrifício tendem a ter poucos amigos íntimos. Isto não é porque eles não sejam dignos de amor, longe disso. Na verdade, muitas vezes são amados e respeitados por muitos.
O problema surge quando a sua extrema bondade os torna fáceis de serem explorados ou mal interpretados. Freqüentemente, colocam as necessidades dos outros antes das suas, a um ponto que os deixa deprimidos e incapazes de desenvolver amizades profundas.
Se você olhar para isso, verá que a gentileza deles é uma qualidade que muitos amam. Mas, por baixo disso, eles inadvertidamente estabelecem limites que afastam amigos em potencial.
Eles podem não perceber, mas esse comportamento pode fazer com que os outros se sintam desconfortáveis com o desequilíbrio no relacionamento ou interpretem mal sua gentileza como fraqueza.
A chave aqui é o equilíbrio – ser gentil sem perder o processo.
2) Superalimentação
Lembro-me de uma época em que sempre me colocava à disposição de todos, sempre que precisavam de mim. Eu era a pessoa certa para obter conselhos, ouvir ou até mesmo para preencher uma lacuna em um evento social.
Embora estivesse cercado de pessoas, me vi sem amigos íntimos. Foi confuso e doloroso.
Quando olho para trás, percebo que meu comportamento Eu estava tão ocupado cuidando dos outros que deixei de cuidar de mim mesmo.
Eu estava sempre dando e, ao fazer isso, não permitia que outros tivessem a oportunidade de dar. Era como se eu tivesse construído propositalmente um muro que não era reto.
Esse comportamento hiperengrandecedor, embora bem-intencionado, pode enviar a mensagem errada. Pode fazer com que os outros sintam que não podem contribuir positivamente para a sua vida ou que você não precisa deles.
Na verdade, a amizade prospera na troca e no equilíbrio. Ser gentil e atencioso é maravilhoso, mas é igualmente importante permitir que os outros retribuam essa gentileza e cuidado.
3) Evitando conflitos
O conflito é uma parte natural da interação humana. Porém, aqueles que são extremamente gentis tendem a evitá-lo para manter a paz e a harmonia. Eles tendem a engolir seus sentimentos e opiniões para evitar conflitos potenciais.
Curiosamente, um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology descobriu que as pessoas que tendem a evitar conflitos têm menos probabilidade de manter amizades íntimas.
Isso pode ocorrer porque evitar conflitos significa suprimir sentimentos e pensamentos reais. Esta falta de autenticidade pode criar uma barreira à construção de conexões profundas e significativas.
É importante compreender que o conflito, se bem gerido, pode fortalecer os relacionamentos em vez de prejudicá-los. Permite comunicação aberta, compreensão e crescimento, ingredientes essenciais em qualquer amizade íntima.
4) Dificuldade em aceitar
Muitas pessoas genuinamente gentis acham difícil receber ajuda, elogios ou gentileza de outras pessoas. Eles estão tão acostumados a ser doadores que acham difícil aceitar.
Esse comportamento pode afastar involuntariamente amigos em potencial. Amizade é dar e receber. Quando uma pessoa está sempre dando e não recebendo, isso pode criar um desequilíbrio que faz a outra pessoa se sentir sem importância ou necessária.
Ao aprender a aceitar graciosamente a bondade dos outros, essas pessoas podem começar a construir relacionamentos fortes e equilibrados. É tudo uma questão de deixar a escala amigável ir em ambos os sentidos.
5) Medo da rejeição
No fundo, algumas pessoas gentis têm medo da rejeição. Eles temem que, se mostrarem seu verdadeiro eu, possam não ser aceitos ou amados. Esse medo muitas vezes decorre de experiências passadas de rejeição ou abandono.
Esse medo os impede de formar amizades íntimas. Eles podem manter os outros à distância, não porque não queiram estar próximos, mas porque têm medo de se machucar.
A ironia é que, ao tentarem se proteger de possíveis danos, acabam se sentindo solitários e desconectados. É uma situação dolorosa, mas que pode ser superada.
Ao enfrentarem suavemente estes medos e aprenderem a confiar novamente, estas pessoas de bom coração podem criar as amizades significativas que desejam e merecem.
6) Pensar demais
À noite, minha mente muitas vezes se transforma em um caos de pensamentos. Eu repassava as conversas, separando cada palavra e tom, me perguntando se havia dito algo errado ou ofendido alguém inadvertidamente.
Essa característica – pensar demais – é comum em pessoas genuinamente gentis, mas que não têm amigos próximos. Eles se preocupam constantemente com a forma como são percebidos pelos outros, e isso os faz questionar suas ações e palavras.
Infelizmente, pensar demais pode atrapalhar o fluxo natural das amizades. Pode levar a dúvidas e ceticismo desnecessários, que podem ressoar em outras pessoas e criar uma barreira involuntária.
Reconhecer esta tendência é o primeiro passo para mudar. Ao aprender a aquietar a mente e a confiar na autenticidade das nossas ações, podemos permitir que as amizades se desenvolvam naturalmente.
7) Perfeição
Pessoas genuinamente gentis, mas que não têm amigos próximos, costumam ter uma atitude perfeccionista. Eles seguem padrões elevados e se esforçam para ser o amigo perfeito, sempre solidário, sempre compreensivo e sempre presente.
Embora essas características sejam admiráveis, a busca pela perfeição muitas vezes pode levar ao esgotamento e à decepção. Ninguém pode ser perfeito o tempo todo, e tentar fazer isso pode causar estresse e ansiedade desnecessários.
Além disso, esse perfeccionismo pode dificultar o relacionamento dos outros. Pode criar involuntariamente uma sensação de distância ou intimidação.
Aceitar a imperfeição não só permite uma comunicação mais autêntica, mas também alivia o fardo de ser perfeito. Não há problema em cometer erros, ter dias ruins e ser humano – porque é disso que se trata a verdadeira amizade.
8) Falta de amor próprio
Na raiz de tudo isso, a maioria das pessoas de bom coração que têm dificuldade em formar amizades íntimas muitas vezes carece de amor próprio. Apesar de sua capacidade de dar grande amor e bondade aos outros, eles acham difícil estender a mesma compaixão a si mesmos.
Essa falta de amor próprio pode afetar indiretamente o relacionamento deles. Pode levar a sentimentos de inadequação e à crença de que não são dignos de uma comunicação profunda e significativa.
O passo mais transformador que podem dar é começar a amar e a valorizar-se. Porque somente quando nos amamos verdadeiramente, podemos amar plenamente os outros e deixar que os outros nos amem. E é aí que começa a verdadeira amizade.